Incêndio que destruiu acervo do Instituto Butantan, em SP, foi acidental, diz laudo

23/03/2011 01:43

 

Superaquecimento de pedra para esquentar cobras causou fogo no Butantan -  Foto Michel Filho/O Globo

SÃO PAULO - Laudo do Instituto de Criminalística de São Paulo concluiu que o incêndio no Instituto Butantan, em maio do ano passado, que destruiu um dos maiores acervos do mundo de cobras, foi acidental. Segundo o Instituto de Criminalística, o fogo que comprometeu boa parte das 85 mil serpentes, aranhas e escorpiões que estavam empalhados ou conservados em formol começou por causa do superaquecimento de pedras de calor usados em ambientes artificiais para aquecer as cobras. esse tipo de pedra tem uma resistência elétrica. O acervo destruído no Laboratório de Répteis é um dos maiores do mundo. Centenas de espécies desses répteis que havia sido capturados ainda nem haviam sido descritas.

O laboratório queimado, de 660 metros quadrados, tinha 100 anos. O fogo teve início às 7h30m do dia 15 de maio de 2010 e foi controlado no meio da manhã. Os animais vivos, entre eles várias espécies de cobras e aranhas, estavam em um outro local e não foram atingidos. No laboratório, segundo os bombeiros, a quantidade de álcool e formol aumentou a intensidade das chamas.

- Eram 77 mil cobras tombadas, mais umas 5 mil para tombamento. Todo o conhecimento do Brasil estava aqui, são 100 anos de história - diz Francisco Franco, curador da coleção.

O Instituto Butantan começou, em fevereiro, a construir o novo Prédio de Coleções, que terá o espaço mais bem organizado e distribuído para o armazenamento do material científico, além de ferramentas modernas para controle de ambientes e prevenção de incêndio. Ao todo, serão investidos R$ 3 milhões na obra.

De acordo com o diretor do Instituto Butantan, Jorge Kalil, o novo prédio é fundamental para a conservação de um dos mais importantes acervos de herpetologia - ramo da zoologia que, dentre os animais, estuda especificamente répteis e anfíbios.

- Um acidente como o que ocorreu no ano passado não pode se repetir, nem com as coleções, nem com nada que temos aqui dentro. Com o tempo, o Butantan vai ter que se adequar ao século 21.

Kalil disse que as espécies perdidas no incêndio serão repostas por meio de novas coletas em campo e com doações, mesmo que essas últimas tenham diminuído recentemente por conta das leis ambientais.

- Sem dúvida, sempre tem trocas nacionais e internacionais para que possamos repor. O acervo de serpentes sofreu um baque muito grande e esperamos que ele volte a ser o maior do mundo, porque agora não é mais.

A previsão é que as obras sejam concluídas no final do ano. A ocupação e a organização do acervo no novo local devem começar logo em seguida, no início de 2012. O material restante está armazenado em diversos lugares dentro do instituto.

 

Fonte: oglobo.globo.com/cidades/mat/2011/03/22/incendio-que-destruiu-acervo-do-instituto-butantan-em-sp-foi-acidental-diz-laudo-924064897.asp