Cientistas capturam imagens de tatu gigante no Pantanal

02/10/2011 19:27

Imagem do tatu gigante capturada por câmera automática (Foto: Arnaud Desbiez)

Imagem do tatu gigante capturada por câmera automática (Foto: Arnaud Desbiez)

Cientistas conseguiram capturar imagens de um raro tatu gigante, o tatu-canastra, no Pantanal brasileiro.

As câmeras, cedidas pelo zoológico de Chester (Grã-Bretanha), foram colocadas pelos pesquisadores do Projeto Tatu-Canastra na região de Nhecolândia.

Depois de dez semanas de pesquisa de campo, os cientistas conseguiram encontrar e fotografar o animal.

"As câmeras vão oferecer informações críticas para a avaliação da situação das populações de tatus gigantes no Brasil", disse Arnaud Desbiez, biológo da Royal Zoological Society, que lidera o Projeto Tatu-Canastra.

"Elas vão nos ajudar ter uma compreensão melhor da história natural da espécie e talvez entender as razões ecológicas de sua raridade (....). E vão nos ajudar a formular uma base de informações sobre a ecologia do tatu-canastra e sua função no ecossistema do Pantanal brasileiro", acrescentou.

As fotos mostram o tatu saindo de uma toca. Apesar de as populações de tatus-canastra, ou Priodontes maximus, estarem espalhadas pela maior parte da América do Sul, pouco se sabe sobre este animal devido ao seu comportamento discreto e à pouca densidade das populações, que raramente são vistas.

Toca

O fato de o tatu-canastra passar os dias em tocas embaixo da terra dificulta a observação tornando os avistamentos raros.

O tatu-canastra pode atingir 1,5 metro de comprimento e pesar até 50 quilos, duas vezes o tamanho de um tatu comum. Ele vive em áreas de florestas conservadas, perto de fontes de água e têm hábitos noturnos.

Isso levou os cientistas a decidirem usar câmeras automáticas, instaladas como armadilhas, para capturar as imagens.

"Nós simplesmente não sabemos nada sobre os tatus-canastra e podemos perder esta espécie antes de conseguir entender sua história natural básica e seu papel ecológico", afirmou Desbiez.

A organização União Internacional para Conservação da Natureza classifica este mamífero como vulnerável, pois o tatu-canastra está ameaçado pela perda de seu habitat e pela caça.

Com o uso das câmeras automáticas do zoológico de Chester, os pesquisadores poderão estimar a densidade da população, investigar os padrões de suas atividades, monitorar o uso de suas tocas por outras espécies além de aprender mais sobre seu comportamento social e reprodutivo.

Para Desbiez, o tatu-canastra pode ser considerado um "fóssil vivo".

"Estou ansioso para usar os resultados de nosso trabalho para mostrar aos brasileiros e ao resto do mundo esta espécie desconhecida que eu acredito simboliza o melhor da biodiversidade", afirmou.

Fonte: www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/09/110922_tatu_foto_fn.shtml