Documentário alerta para a poluição plástica nos oceanos

22/03/2012 11:49

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Fotos: Plastic Oceans

A decisão de extinguir com as sacolas plásticas nos supermercados paulistas pode ser um começo, mas ainda está longe de solucionar a poluição que o material pode ocasionar no meio ambiente. O documentário Away, em fase de produção, alerta para ameaça que o plástico representa para biodiversidade marinha e a vida humana.

Os documentaristas, da organização britânica Plastic Ocean Foundation, revelam que há uma enorme capa tóxica de plásticos nos oceano. Durante as expedições eles encontraram um cenário desolador: dezenas de pelicanos mortos com isqueiros, soldadinhos de plástico e outros fragmentos de plástico no estômago, além de baleias azuis com uma síndrome misteriosa que as deixa famintas.

“Ao encontrar um soldadinho fabricado na China no estômago de um albatroz, numa ilha no meio do Pacífico, percebemos a extensão do problema”

E o risco não é para os seres marinhos. De acordo com a WWF e o Greenpeace, somente na última década, fabricou-se mais plástico do que em todo o século 20. E pior: das 300 milhões de toneladas produzidas a cada ano, metade é descartada após um único uso, embora possa permanecer na natureza por mais de 400 anos. O diretor do documentário, John Craig, conta que todo o plástico produzido nos últimos 60 anos continua no ambiente – e voltando para nós.

E para onde vai todo esse plástico? Muitos destes acabam em rios e mares, nos quais podem afundar e contaminar os seres que vivem no fundo dos oceanos ou continuar na superfície e quebrar-se em partículas menores com o tempo. Segundo os produtores do documentário, é um mito a existência de um grande aglomerado de lixo no meio do oceano. O que existe, conforme contam, é uma sopa tóxica abaixo da superfície, mais perigosa e menos visível.

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Abaixo da água, o plástico contamina a biodiversidade do mar de forma progressiva e cumulativa, além de ser ingerido pelos animais, colocando em risco também a saúde humana.

Os plásticos possuem toxinas relacionadas a diversas doenças, como câncer, diabetes e disfunções autoimunes. Sem contar que o material concentra outras substâncias tóxicas, provenientes de efluentes industriais. Para os produtores de Away, está claro que todos os oceanos já foram atingidos pela poluição plástica.

O diretor Craig acredita deve-se aproximarmos do problema para compreender a ação humana na natureza. “Ao encontrar um soldadinho fabricado na China no estômago de um albatroz, numa ilha no meio do Pacífico, percebemos a extensão do problema”, afirmou ele ao Ciência Hoje.

Além de mostrar a dimensão do problema, o documentário, que está previsto para ser lançado no próximo ano, vai ainda apresentar alternativas para lidar com o plástico e formas de adaptá-las em larga escala, destacando também o pioneirismo de alguns países nessa empreitada. “Precisamos repensar nosso estilo de vida descartável. Não se trata simplesmente de banir o plástico, mas de procurar soluções para o desperdício”, ressalta Craig.

Com informações do Ciência Hoje